Maria* é casada, tem uma filha e trabalha como prestadora de serviços estéticos. Em 2019 ela fez um pedido que mexeu muito comigo: ela queria ter a sua dignidade de volta. Durante nossa conversa ela me contou que tinha muitas dívidas, que não sabia nem por onde começar e sabia que eu poderia ajudá-la, porém, ela não tinha dinheiro para pagar pelo plano.
Como eu ainda estava no começo da Invest4U, não tinha como fazer de graça. Afinal, eu também tenho contas a pagar. Foi então que ela sugeriu fazer permuta. Eu ajudava ela com o planejamento e, em troca, ela me oferecia os serviços dela. Topei e marcamos nossa primeira reunião.
Nesse primeiro encontro, ela não conseguia me contar tudo, ela estava com muita vergonha e queria chorar. Falei para ela ficar tranquila, estávamos só nós duas ali e ela estava segura, com alguém que confiava nela e que iria ajudá-la a sair daquela situação. Ela se soltou e começou a me contar.
Enquanto ela falava, eu fui fazendo uma lista com todas as pessoas que ela devia: deram mais de 20 nomes, fora os bancos. Claro que, para cada pessoa, era diferente o valor, alguns ela devia 200 reais, outros ela devia 5 mil. No entanto, ela tinha uma renda baixa. O salário dela girava em torno de R$1700 a R$2000 por mês
A Maria tinha vergonha de sair na rua, ela ia a mercados longe de casa para não correr o risco de encontrar alguém que ela devia. Todas as vezes que ela pedia dinheiro emprestado eram por questões de emergência, tinham vezes que ela precisava emprestar dinheiro para comprar comida e levar para casa. Porque, apesar do marido trabalhar, ele estava com três meses de salário atrasado. Ele continuava trabalhando, mas os pagamentos nunca chegavam em dia.
Então, qual foi a primeira coisa que fizemos após listar todas as dívidas que ela tinha: elencamos em prioridades. Depois disso, buscamos no trabalho dela alternativas para aumentar a renda. Ajustamos os valores que ela cobrava por pacote, o valor do atendimento a domicílio, ou seja, mudamos a precificação dela e ao mesmo tempo, ajustamos os nomes dos planos também, para serem mais atrativos. Mudamos a forma que ela vendia, trabalhamos como ela falaria com as clientes, como ela pegaria referências. Com essas mudanças conseguimos aumentar a receita dela para R$3500 mensais.
Hoje, um ano e meio depois, a gente já quitou 90% das dívidas delas, e esses 10% que faltam, é o que está parcelado no banco. Além disso, ela está com a agenda lotada de clientes, se tornando uma referência no ramo e ainda conseguiu realizar o sonho de entrar na faculdade. E o que eu percebi com essa história? Que quando a gente tirou o peso das costas dela de não conseguir nem erguer a cabeça na rua, por vergonha, ela conseguiu começar a andar em direção ao objetivo dela.
Mas para ela chegar nesse ponto, nós precisamos trabalhar muito o mindset dela, especialmente o perdão. Ela não se perdoava por ter precisado emprestar dinheiro, tinha vergonha de conversar com as pessoas que a ajudaram porque não sabia o que falar. Então, fizemos todo um trabalho e um planejamento para como ela faria essa aproximação. Para algumas pessoas ela ligou agradecendo e pedindo os dados para depósito, para outras ela mandou uma carta com o dinheiro.
Mas de tudo isso, a coisa mais gratificante foi quando, no ano passado, ela veio aqui e falou: “Jenni, eu tenho minha dignidade de novo, eu consigo acordar de manhã, ir trabalhar e saber que eu não tenho dívidas com ninguém”. A Maria deixou de ser uma devedora para, hoje, ser uma investidora! Ela começou investindo 100 reais, e hoje já tem um número muito maior que isso investido. Mas mais importante que isso, como ela mesmo falou, em um ano e meio além de reconquistar a dignidade, ela também voltou a viver em paz.
Este é o fruto do meu trabalho, uma das minhas maiores conquistas profissionais e das que tenho maior orgulho!
* Para preservar a identidade da cliente o nome foi alterado.